Ritmos que Embalam o São João


Eu vou mostrar pra vocês
como se dança o baião,
e quem quiser aprender
é só prestar atenção.

O baião é uma dança cantada, criação nordestina, resultante da fusão da dança africana com as danças dos nossos indígenas e a dos portugueses colonizadores, refletindo, na sua composição, o caldeamento dessas três raças. Anteriormente conhecido como baiano, do verbo baiar, forma popular de bailar, é uma variação rítmica do forró, geralmente entoada ao som da viola e de outros instrumentos, como a sanfona, o zabumba e o triângulo. A natureza do baião não sofreu transformação em outras regiões para onde migrou.

Essa modalidade de dança é formada dos seguintes passos: balanceio, passo de calcanhar, passo de ajoelhar e rodopio, em que damas — vestidas de chita, com babados, decotes ousados, mangas curtas e sandálias coloridas — e cavalheiros — com sandálias de couro cru, calça de brim claro e camisa comum — em pares, fazem a festa, ao som do agogô, do triângulo e da sanfona. A dança é executada com balanceios lascivos, rodopios, estalar de dedos e movimentos dos braços.
Xaxado é onomatopéia do rumor xa-xa-xa das alpercatas arrastadas no solo.

O xaxado é uma dança originária do sertão pernambucano, cujos movimentos acontecem em forma de círculos, onde os componentes se localizam um atrás do outro, levando o pé direito à frente num movimento ora ternário (três), ora quaternário (quatro) para as laterais, deslizando pelo salão num sapateado ligeiro.




Xote, maracatu e baião:
tudo isso eu trago no meu matolão.

O xote é considerado dança de salão com passos semelhantes aos da polca, que é executada ao som da sanfona nos bailes populares.




Sou um tirador de coco,
enfrento qualquer altura
com o meu rolinho de peia
amarrado na cintura.

O coco é uma dança típica das regiões praieiras e do sertão, sendo vivenciada no Norte e no Nordeste, especialmente em Alagoas por ser esse seu Estado de origem. Surgiu nos engenhos e percorreu um longo caminho até invadir os refinados salões burgueses. Recebeu uma grande influência africana e algumas marcações coreográficas dos bailados indígenas dos tupis da costa. O grupo é formado por instrumentos de percussão, bombos, ganzás ou caracaxás, pandeiros e cuícas.

Embora exista uma grande variedade de cocos, a sua coreografia e formação são básicas: uma roda de casais que cantam e dançam acompanhados pelas palmas, batidas dos pés ou tropel e pelos músicos. É também conhecido por pagode e samba e, em Pernambuco, como coco de roda. O mestre cantador, ou coqueiro, inicia a brincadeira puxando o canto com loas de improviso, os dançarinos formam a roda, respondendo ao refrão com palavras e com o sapateado típico.


Sabe quem eu sou?
Sabe quem sou eu?
Eu sou o forró.

Forró (do banto africano), forrobodó ou forrobodança significa festa, fartura de comes e bebes. Esse termo foi incorporado ao vocabulário nordestino desde o século XIX. É o maior sinônimo de São João no Nordeste. Essa palavra surgiu na imprensa, no Recife, em 1882, por Rodrigues de Carvalho e Pereira da Costa, e encaixada no Vocabulário Pernambucano com o significado de divertimento, pagodeira ou festança. As chamadas casas de forró surgiram, nos anos 1970, como local de entendimento dos migrantes nordestinos, e, assim, os festejos juninos foram tomando conta do Brasil. Hoje, o forró existe em todos os ritmos nordestinos e de outras regiões, o xote, o rojão, a dança de roda, o coco, o xaxado e o baião. O forró nordestino é nossa marca maior, uma espécie de identidade cultural brasileira.

O arrasta-pé é a marca do homem da roça, sofrido em seu pé-de-serra e durante muito tempo adormecido pela modernidade cultural. Hoje, revitalizado, glória que não se pode dar a outro, senão ao velho Lula, nosso Luiz Gonzaga, que soube tão perfeitamente cantar este Nordeste na sua língua e no manejo de seu povo.




Com a terminologia francesa, a quadrilha chegou ao Brasil: anavantur; anarrier; balancer, e, com a força da brasilidade, alguns termos foram aportuguesados, e outros, criados ou recriados: damas ao centro, é mentira, olha o túnel, olha a chuva, passeio, traveser de damas, traveser de cavalheiros, etc.

No âmbito dos festejos juninos, contamos também com a presença dos bacamarteiros, que fazem suas exibições de grande importância para o brilhantismo das comemorações juninas. Essas apresentações datam de mais de um século nas fazendas do Sertão e do Agreste pernambucanos, bem como na Paraíba e em Alagoas.

A diversão constitui-se de homens portando bacamartes, reiúnas e granadeiras que são carregadas com pólvora seca (sem projétil ou chumbo) e disparadas pelos aficionados sob as ordens de um comandante, homenageando santos padroeiros ou em cerimônias típicas e políticas.

A tradição passa de pai para filho e, na falta de um varão na família, a filha mais velha se engaja no batalhão, após o falecimento do pai, e continua a participação no grupo.

A grande motivação dessa festa é o prazer de deflagrar poderosas armas, normalmente sendo cópias de granadeiras que foram usadas na Guerra do Paraguai.



Fonte: construirnoticias.com

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